A recuperação espontânea é um termo complicado usado na medicina, psicologia e em outras terapias. Parece que sempre seria uma coisa positiva, uma vez que a recuperação pode estar relacionada à recuperação de algum distúrbio ou disfunção. Nem sempre é o caso, e a recuperação espontânea pode ser negativa ou positiva, dependendo do que for recuperado. Também pode ser profundamente desconcertante para os profissionais de saúde.
Em certos tipos de psicologia, particularmente na psicologia comportamental clássica, a recuperação espontânea tem a ver com condicionamento. Em estudos com animais, os behavioristas poderiam criar um comportamento extinto: aquele que não servia mais a nenhum propósito. A suposição seria que o animal sendo treinado não usaria mais o comportamento porque ele estava “extinto”. Ainda assim, na observação, esses comportamentos não mais usados ainda eram usados, e o animal teria se recuperado espontaneamente, sem qualquer motivação para fazê-lo.
Qualquer pessoa que já treinou um cachorro deve ter notado isso de vez em quando. Mesmo após longos períodos de treinamento, principalmente para remover maus comportamentos, de vez em quando, os cães apresentam recuperação espontânea. Eles podem começar a fazer exatamente as coisas que foram treinados para não fazer. O reforço contínuo do treinamento pode diminuir a incidência de recuperação espontânea, mas sempre deve haver uma sensação de que um comportamento não se foi de fato.
Muitas vezes as pessoas mencionam a recuperação espontânea na medicina anti-dependência. Em alguns grupos de alcoólatras, fica claro que o alcoolismo nunca morre totalmente, que sempre existirá, mesmo quando a pessoa não está bebendo. Os especialistas médicos rotularam a regressão do álcool e outras drogas como uma forma de recuperação espontânea. Observe que isso não é de forma alguma positivo, e a recuperação mencionada não tem nada a ver com a recuperação do vício. Em vez disso, a pessoa recupera velhos hábitos e comportamentos que podem fazer com que beba ou volte a usar, mesmo que o vício físico tenha sido extinto.
Existem definições mais positivas, embora igualmente mistificadoras, de recuperação espontânea. Na medicina, se uma pessoa, especialmente sem tratamento, se cura repentinamente ou fica boa, o termo pode ser usado para descrever a condição. Às vezes, esse conceito também é usado quando o bem-estar ocorre nos estágios iniciais de qualquer tratamento médico planejado que não poderia ter durado o suficiente para promover a recuperação.
Os médicos também podem discutir a recuperação de natureza espontânea em coisas como acidentes vasculares cerebrais, onde de repente grandes perdas na fala ou déficits físicos desaparecem. Como alternativa, há literatura médica que aborda a recuperação de condições como autismo, gagueira e muitos estados médicos graves em que o corpo simplesmente se curou. Esses casos podem ser estudados para determinar se há alguma característica na pessoa que promoveu uma cura súbita e inesperada, mas raramente revelam muito. Muitos simplesmente avaliam as recuperações dessa natureza como milagres médicos que continuarão a desafiar qualquer explicação.