Por que todos os eletrônicos devem ser desligados para decolagem e pouso?

Como o uso de dispositivos eletrônicos portáteis (PEDs) cresceu rapidamente, há reclamações sobre as restrições ao seu uso, especialmente durante a decolagem e aterrissagem de aviões. Esses regulamentos surgiram devido à preocupação de que as emissões de rádio dos PEDs possam interferir nos sistemas eletrônicos da aeronave. A decolagem e a aterrissagem são momentos críticos de um vôo, e requerem total atenção da tripulação, comunicação constante com o controle de tráfego aéreo e o correto funcionamento de todos os instrumentos. Os oponentes dessas restrições afirmam que o uso de dispositivos como telefones celulares não tem demonstrado efeito definitivo nas operações da aeronave. A Federal Aviation Administration (FAA) nos Estados Unidos e organizações semelhantes em outros países têm adotado a abordagem melhor prevenir do que remediar.

Regulamentação

A partir de 2013, os regulamentos da FAA determinam que os telefones celulares não devem ser usados ​​em nenhum momento durante o voo, e a maioria dos outros PEDs, como laptops, CD players e máquinas de jogos, devem ser desligados durante a decolagem e o pouso. Na maioria dos casos, os períodos de decolagem e pouso são definidos como enquanto o avião estiver abaixo de 10,000 pés (3,048 m). Em média, uma aeronave leva cerca de 15-20 minutos para atingir essa altitude, então as restrições se aplicam apenas a dois períodos relativamente curtos no início e no final do voo. Existem alguns dispositivos isentos, incluindo marcapassos cardíacos, aparelhos auditivos e barbeadores elétricos, já que se sabe que não causam interferência. A proibição data originalmente de 1988 e tinha o objetivo não apenas de prevenir a interferência de rádio, mas também de evitar a possibilidade de ferimentos causados ​​por PEDs voando ou a atenção dos passageiros sendo distraídos durante as demonstrações de segurança.

Em agosto de 2012, foi anunciado que a FAA deveria reconsiderar suas restrições ao uso de PEDs, embora a proibição do uso de telefones celulares continuasse. Um grupo de estudo foi estabelecido para examinar os métodos de teste e determinar quais dispositivos, se houver, podem ser usados ​​com segurança. A partir de 2013, a FAA aguarda as recomendações do grupo.

Muitos aviões modernos possuem sistemas WiFi® que permitem aos passageiros acessar a Internet por meio de laptops e outros dispositivos. Esses sistemas são testados para compatibilidade com a eletrônica de aeronaves e devem ser aprovados pela FAA. A realização de chamadas por meio de aplicativos Voice-over-Internet-Protocol (VoIP), entretanto, não é permitida, para não causar irritação aos demais passageiros.

Sistemas Eletrônicos de Aeronaves

Os aviões contêm vários sistemas eletrônicos para permitir a comunicação com o solo, auxiliar na navegação e monitorar o comportamento de componentes e equipamentos cruciais. Esses sistemas são conhecidos coletivamente como aviônicos. Muitos deles envolvem a transmissão e o recebimento de sinais de rádio e, portanto, são potencialmente suscetíveis à interferência de dispositivos que produzem ondas de rádio em frequências semelhantes. A radiação de radiofrequência também pode induzir correntes elétricas na fiação, portanto, outros sistemas aviônicos podem ser afetados.

Os aviônicos dos aviões modernos são protegidos contra interferências, mas os aviões mais antigos que não têm proteção adequada ainda podem estar em serviço e, em qualquer caso, a proteção não pode ser abrangente. Os sistemas que usam antenas externas para receber sinais apresentam maior risco de interferência, pois são projetados para captar sinais muito fracos e não podem ser protegidos. A estrutura de alumínio de uma aeronave pode filtrar as ondas de rádio, mas existem lacunas, como as janelas, pelas quais os sinais interferentes podem passar e ser captados por antenas externas. O quadro também pode atuar como uma cavidade ressonante, que amplifica os sinais dos PEDs.
Dispositivos eletrônicos portáteis e seus efeitos
Todo equipamento elétrico produz ondas de rádio, sejam elas intencionais ou não. Os telefones celulares e dispositivos conectados à Internet devem fazer isso para se comunicarem com outros dispositivos. Talvez menos conhecido seja o fato de que leitores de CD e MP3, por exemplo, também emitem radiação eletromagnética em frequências de rádio. Os PEDs demonstraram ser capazes de produzir emissões na maior parte do espectro de rádio usado pelos sistemas das aeronaves. Não há provas de que isso possa realmente interferir na aviônica, mas há uma série de incidentes documentados, relatados por pilotos e outros funcionários da companhia aérea, que sugerem fortemente essa interferência.

Há uma grande variedade de dispositivos eletrônicos portáteis de vários tipos e marcas, e verificar a intensidade e as frequências das emissões de cada um deles é impraticável. Embora não haja evidências conclusivas de que as emissões de PED possam interferir nos sistemas das aeronaves modernas, há muitas incógnitas para que sejam consideradas seguras para uso em momentos cruciais, como decolagem e pouso. Embora alguns dispositivos, como laptops, tenham blindagem eletrônica embutida, ela pode se deteriorar com o tempo, ser danificada ou ser removida e não substituída durante uma atualização, portanto, não é possível garantir que não produzirão emissões. Uma vez que não é viável verificar todos os PEDs individuais quanto à compatibilidade com os sistemas da aeronave, a proibição do uso de todos esses dispositivos abaixo de 10,000 pés (3048 m) é considerada a opção mais sensata.
Os telefones celulares transmitem sinais fortes que podem ser recebidos a grandes distâncias. Isso levanta a possibilidade de que eles possam interferir não apenas nos sistemas da aeronave, mas também na comunicação terrestre nos aeroportos. Esta é a razão pela qual seu uso é proibido durante o vôo. Muitos celulares modernos possuem um modo avião, que impede a realização de chamadas, mas permite o uso de algumas outras funções, como jogos. O uso de telefones neste modo pode ser permitido, mas é deixado para as companhias aéreas individuais.