O que causa o luto?

Muitos presumem que o luto está associado apenas à perda de um ente querido. A psicologia nos mostra que muitas vezes não é esse o caso, mas aqueles que sofrem de luto por outras coisas que não a morte de alguém costumam ser orientados a “sair dessa”. O luto é, simplesmente, uma resposta à perda. A perda pode ser de algo tangível ou intangível. Ajuda a reconhecer que decepções, abusos, reconhecimento das próprias limitações, perda de um emprego ou tantas outras coisas podem provocar uma resposta de luto. As pessoas que sofrem uma perda precisam de tempo para se lamentar, e esse tempo depende da importância da perda.

Todos sofrem de maneiras diferentes. Algumas pessoas aram estoicamente em meio às perdas e, essencialmente, sentem que trabalhar é a melhor maneira de lidar com elas. Outros precisam chorar ou manter-se afastados de outras pessoas por um tempo. Elizabeth Kubler-Ross fez um ótimo trabalho nos estágios do luto, o que pode ajudar as pessoas a compreender o processo do luto.

Definir a perda que causará sofrimento é muito difícil. Depende muito da percepção do indivíduo. Para algumas pessoas, perder o emprego é simplesmente uma lição de vida. Essas pessoas passam para o próximo trabalho ou busca de emprego sem perceber isso como um golpe emocional. Para outros, a perda do emprego pode parecer devastadora, levando-os a questionar todas as decisões que tomaram sobre a escolha de sua carreira ou a sentir uma grande negatividade autodirigida.

Algumas pessoas experimentam tristeza quando descobrem que um caminho futuro que desejavam seguir agora está fechado para elas. Por exemplo, uma mulher que tentou engravidar e descobre que não há como fazê-lo, pode lamentar o futuro que esperava ter, um futuro que incluía ter e ter seus próprios filhos. Mesmo se a perda for direcionada para o futuro, ela ainda pode causar tristeza no presente. Ser excluído das coisas desejadas pode causar uma dor tremenda, novamente proporcional à percepção de uma pessoa.

As crianças também sofrem por pequenas coisas, como a mudança de um amigo ou a mudança de escola. Espera-se que uma criança talvez sofra com a morte de um animal de estimação, mas os pais podem deixar de reconhecer a tristeza que as crianças sentem durante os períodos de transição. A maioria dos terapeutas recomenda que os pais não descartem as primeiras experiências de luto de seus filhos, pois isso pode moldar a maneira pela qual as crianças são capazes de reconhecer o luto, lamentar e, no momento apropriado, passar dos primeiros sentimentos de tristeza que os dominam.

Não é necessário encorajar a criança a sofrer mais, porque, novamente, as crianças reagirão de maneiras individuais, como os adultos fazem. No entanto, deixar em aberto a oportunidade para as crianças discutirem seus sentimentos, permitindo-lhes expressar seus sentimentos, dando-lhes uma linguagem emocional, e praticar mais paciência com uma criança enlutada pode ser uma das melhores coisas que se pode fazer por essa criança.

Ao considerar o luto, é importante lembrar que é uma resposta a muitos tipos diferentes de perdas, ou seja, individuais, e que é influenciada pela percepção da pessoa sobre a perda. Um casal que perde a capacidade de ter filhos pode sofrer de maneiras muito diferentes. De importância fundamental é o reconhecimento do luto em vez de sua rejeição. As pessoas não conseguem se recuperar da dor que não reconhecem.