O que é fisostigmina?

A fisostigmina é um metabólito secundário produzido pela videira tropical africana Physostigma venosum, conhecida como feijão calabar. Este composto é usado como medicamento em humanos para tratar tanto o glaucoma quanto a miastenia gravis, e já foi considerado um tratamento para a doença de Alzheimer. Funciona como um inibidor reversível da colinesterase, a proteína que degrada a acetilcolina. A maior parte do movimento do corpo depende da transferência de sinais das células nervosas para os músculos, mediada pela acetilcolina.

Os inibidores da colinesterase, conhecidos como anticolinesterases, inibem a degradação da acetilcolina. Geralmente, eles são altamente tóxicos para os animais porque formam um complexo irreversível com a colinesterase. Isso faz com que os músculos continuem se contraindo, podendo ocorrer paralisia e morte. Muitos inseticidas usam esse modo de ação, assim como alguns gases nervosos. Em contraste, a fisostigmina se liga à colinesterase reversivelmente, o que permite que ela seja usada como medicamento em humanos.

O sulfato de fisostigmina é a forma usada como medicamento nos Estados Unidos, no tratamento do glaucoma. A fisostigmina é eficaz para fazer com que o fluido extra seja drenado do olho. Ele também funciona como um miótico, fazendo com que as pupilas se contraiam. Essa propriedade também pode ajudar no tratamento do glaucoma. Às vezes, é usado como miótico depois que os olhos foram dilatados durante um exame oftalmológico.

A miastenia gravis, doença de enfraquecimento muscular, pode ser tratada de forma eficaz com este anticolinesterase. A ação desse distúrbio impede que a acetilcolina cumpra sua função de ativar os músculos. Assim, o tratamento com fisostigmina pode ajudar a aliviar os sintomas desta doença.

Os ensaios clínicos foram conduzidos com a fisostigmina para determinar se ela poderia melhorar o funcionamento de pacientes com doença de Alzheimer, porque havia a hipótese de que os sintomas da doença eram devido à falta de quantidades adequadas de acetilcolina. O tratamento com este composto causou um aumento pequeno, mas mensurável, nas habilidades cognitivas. Os pacientes sofreram efeitos colaterais drásticos, entretanto, e a maioria deles desistiu dos testes. A conclusão foi que esse medicamento não seria útil para tratar a doença de Alzheimer.

Uma propriedade adicional da fisostigmina é que ela pode cruzar a barreira hematoencefálica e afetar o sistema nervoso central (SNC). Isso permite que seja usado para tratar overdoses de medicamentos que causam a produção de excesso de acetilcolina. Isso é chamado de efeito colinérgico. Overdoses de compostos vegetais atropina e escopolamina podem causar esse efeito. Uma fonte comum e potencialmente letal de tais drogas é o consumo ou inalação da erva daninha Jimson, Datura stramonium, como uma tentativa de alucinógeno.
A síntese química da fisostigmina é uma tarefa muito difícil, dada a complexidade da molécula. Uma complicação adicional é que existem duas formas do composto, conhecidas como estereoisômeros, mas apenas uma forma é ativa como medicamento. Os químicos descobriram uma maneira de sintetizar esse produto químico em laboratório em 1935, e vários métodos diferentes foram desenvolvidos. Geralmente, esse produto químico é isolado de sementes maduras e secas do feijão calabar, em vez de ser sintetizado do zero.